Ó bendito o que semeia livros, livros à mão


cheia... e faz o povo pensar!
O livro caindo n'alma é germe que faz a palma, é


chuva que faz o mar!


Castro Alves


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Ética

Que lugar tem ocupado a formação do sujeito ético na educação? Como não cair em posturas moralizantes e segregadoras diante da diversidade de comportamento dos educandos? Estas são algumas das questões que buscou-se responder ou, ao menos, a aproximação das respostas por Miguel Arroyo e Yves de La Taille no Congresso sobre educação em São José dos Campos.

Atualmente vivemos uma crise de valores na escola e, como educadores, devemos pensar na dimensão ética considerando os alunos como gente! Seres que devem ter a oportunidade na escola, de momentos que são privados na sociedade, no seio de suas famílias. Como uma criança aponta um comportamento de receptividade ao conteúdo/conhecimento de forma ativa, se seu lar está em crise? Neste sentido, muitos lembrariam do paternalismo, assistencialismo e justificariam que a escola não tem a obrigação de abraçar a causa. Por outro lado, não fazendo-o, estaria renegando o papel de considerar o aluno como um ser dotado de emoção/sentimentos, apenas de razão. Nós adultos, sabemos pela vivência, proteger a nós mesmos. E as crianças? Até as grandes empresas hoje, "abraçam" seus funcionários com ginásticas laborais, massagens, creches para seus filhos além de outros benefícios, pois tem noção de que, quanto mais satisfeito e feliz, mais resultado produzirá. Esta não é uma visão cultural na educação. A maioria dos educadores acentua o problema elevando a negatividade moral e ética das famílias. Mas, o que fazem para minimizar o problema? Dependendo do olhar que lançarmos sobre, buscaremos meios para diminuir o problema. "A sala de aula é a expressão da falta de valores sociais, entretanto não devemos renegá-la." Portanto, devemos despir-nos da condição docente tão fria para tornarmos mais humanos. (Arroyo). Quem sabe, princípios e valores como respeito, amor, carinho, solidariedade reflitam na criança, impulsionando um insite de apropriação, apontando que a falta de princípios não é genética.

Segundo Yves, devemos enxergar a ética não como um conjunto de deveres, mas como a busca de uma vida boa que contempla o bem estar do outro com justiça, respeito, dignidade... Neste sentido, por que o aluno não consegue seguir as regras? Porque falta-lhe um projeto de vida – um sentido moral para a vida escolar. A escola deve apontar o conhecimento que é a criação do sentido, agindo de forma contemporânea, aspecto de resistência à comunidade escolar. Não adianta satisfazer-nos apenas com alunos que já gozam de alegrias em família. O desafio reside justamente em mediar e oferecer sentido moral aos pequenos que estão neutralizados pela anestesia do meio em que vivem. Meio pelo qual vivem superficialmente, uma vida que requer resultados momentâneos, passageiros, ou seja, relacionam-se com o mundo de maneira turista (Bauman), sem lançar mão dos valores éticos e morais.

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