Ó bendito o que semeia livros, livros à mão


cheia... e faz o povo pensar!
O livro caindo n'alma é germe que faz a palma, é


chuva que faz o mar!


Castro Alves


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Aprender a Ser



A detecção de movimentos desarticulados na ação pedagógica inerentes à rotina escolar leva o educador atento, junto à equipe gestora, a buscar soluções que foram mapeadas como necessárias à reformulação. Um ponto nevrálgico na maioria das unidades escolares que atendem uma demanda considerável de alunos da rede pública é o horário do recreio. Quem nunca teve problemas em articular horários, utilização dos espaços, adequação à quantidade de salas e integração de faixas etárias? O momento do recreio contempla na maioria das vezes, o momento da alimentação e da recreação, orientada ou não. Em nossa unidade não foi diferente, embora a quantidade de alunos por turma não fosse elevada, como em tantas outras. Percebemos que durante este momento as crianças ficavam agitadas, comiam às pressas e saíam correndo para o "abraço". O inspetor ficava um tanto quanto frustrado com tantas crianças e suas necessidades em extravasar sua energia acumulada em sala de aula, especialmente diante daquele professor que resistia em dinamizar sua aula, aspecto que também não passava em branco por mim, enquanto coordenadora. O fato é que tal situação já havia sido debatida em HTPC, abordada por mim e pela diretora e era uma situação que incomodava à todos. Mobilização: Como fazer para melhorar a recreação sem comprometer o momento que deve ser tranquilo para alimentação, evitando o desperdício, desenvolvendo atitudes apropriadas à mesa, bem como receber o acompanhamento do educador, com olhos atentos à sua turma, atuando diretamente sobre a necessidade momentânea? Como proporcionar à criança um momento de desgaste de energia sem, contudo, deixar de oferecer qualidade de atendimento à infância, já que o brincar é a essência infantil? Enfim, chegou a hora de ajustar-se os ponteiros: tivemos que desestruturar o encontro de professores durante este horário. Obviamente tal ação provocou um certo desconforto, não só em mim, como também nos professores. O horário de recreio é aquele em que, como professores, falamos de nossas ações, dos alunos, dos filhos, da coordenadora e diretora - não é gostoso? O fato é que eu tinha um lema em nossa escola: FAZER A CRIANÇA FELIZ!, e, neste caso, precisava assegurá-lo. Fazer a criança feliz implica instituir algumas regras para melhorar o atendimento, reorganizar espaços e horários, remanejar funcionários de acordo com o perfil, polemizar a zona de conforto, que neste caso, era fragmentar o horário de recreio, para que o professor acompanhasse sua turma durante a alimentação, orientando-a, garantindo a tranquilidade para tal momento. Houve uma adequação sugerida por uma professora: que se trocasse o uso da colher por garfo e faca, o que foi aceito de imediato. Após o término da alimentação, a professora descansaria por quinze minutos, momento em que o inspetor faria atividade dirigida com as crianças. Pronto! Estava reorganizado nosso recreio, o que foi uma conquista para todos: o desperdício desapareceu, as crianças tiveram momento de escuta de maneira mais intensa dada a quantidade menor de crianças, as atividades recreativas foram prazerosas, solidificando o desenvolvimento autônomo, motor, linguístico, nutricional, estreitando relações entre as crianças e adultos.


Nossa tarefa é mudar os nossos pensamentos limitadores para poder elaborar novos e melhores planos que nos permitam ver a vida em sua dimensão real.

Alfredo Diez