A rotina profissional que tenho vivido ultimamente não tem me favorecido folgas mentais. Minha ferramenta de trabalho tem sido o conhecimento e, para tal, tenho tido uma rotina intensa de pesquisas e leituras. O último tema abordado nas turmas foi LITERATURA. Nunca havia refletido sobre minha prática literária: errei bastante, poderia ter explorado a literatura muito mais do que fiz, poderia ter enriquecido tais momentos. Por outro lado, explorei bastante a leitura, não como um ritual literário, mas como prática pedagógica. Desenvolvi um projeto com uma turma de primeiro ano (ensino de oito) intitulado Chá de Letras. Profissionalmente foi gratificante: as crianças levavam rotineiramente livros para casa, diariamente consultavam livros dispostos em uma mesa na sala de aula após a conclusão da atividade - tinham total liberdade, liam do "jeito de criança", faziam propagandas de seus livros para que os colegas se interessassem por eles, enfim, havia uma sequência didática de trabalho além das ações. Fazíamos intercâmbio com outras salas, enviando-lhes convite (portador de texto trabalhado) para a tarde do chá de letras, em que as crianças contavam suas histórias no microfone para as outras. Alguns lutavam para ler, eu dava o maior apoio. Outras exibiam o livro e contavam a história, ao passo que outras inicialmente, inibiam-se diante dos colegas sendo que conforme a prática, superavam tal inibição. A sala convidada também contava suas histórias e, uma das professoras utilizou o violão, enriquecendo o momento. A autonomia e confiança oportunizadas aos alunos despertavam segurança estimulando-os a entender a leitura como um passatempo prazeroso. Hoje, tenho convicção que, mesmo que nem todos os alunos tenham tido oportunidade com a família e nas séries seguintes de vivenciar o valor da leitura, em alguns deles plantei a semente. Portanto, como afirma Cecília Meireles, a leitura passa a ser uma nutrição e não apenas um passatempo.
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