Ó bendito o que semeia livros, livros à mão


cheia... e faz o povo pensar!
O livro caindo n'alma é germe que faz a palma, é


chuva que faz o mar!


Castro Alves


terça-feira, 17 de maio de 2011

Faz de conta

Realmente o conhecimento relativo a infância me encanta. Gostar de ler e ser paga para isso, posso reclamar? Motivada pela necessidade em ler para obter conhecimento com vistas a multiplicá-lo subsidiando sua aplicabilidade, fui envolvida pela essência literária no que concerne à psicanálise. Inicialmente minha colega formadora-ponta-firme foi expressando suas impressões extraídas do livro  A psicanálise dos contos de fadas de Bruno Betelheim. Quanta frustração, minha fantasia infantil foi murchando e o que mais me revoltou e ao mesmo tempo aguçou minha curiosidade foi a simbologia e ideologia contida nos contos de fadas, obviamente. Em dado momento expressarei alguns exemplos, mas neste, afirmo com convicção que não somente enquanto pais, mas profissionais da infância, necessitamos ampliar a qualidade literária, contando versões mais ricas e, senão originais, pelo menos mais detalhadas e recontadas por escritores de renome como Ana Maria Machado, Ruth Rocha, Tatiana Belinky e tantos outros. Enfim...
Analisando minha dedicação literária com meus filhos, comecei apurar meu olhar. Lembrando que minha filha tinha um vestido da Branca de Neve que eu havia comprado para que brincasse no carnaval da escola (coisa que nunca me chamou a atenção, entretanto neste ano, tive o olhar de diversão infantil e não em relação à origem carnavalesca), precisava aproveitá-lo antes que não servisse mais nela. Então, convidei-a para brincar: coloquei um CD de música infantil, ela vestiu seu vestido de princesa, calçou sua sapatilha, pediu-me que me caracterizasse também sendo que prontamente o fiz com apetrechos como echarpes brilhantes, bijouterias, maquiagem (ela me maquiou). Então, juntamos todos os brinquedos e objetos de princesa e ela imaginou uma loja. Eu, como a Chapeuzinho Vermelho estava passeando pela floresta quando, fugindo do lobo, entrei em sua lojinha ficando extasiada com tantos objetos lindos, e até comprando alguns. Travamos um bate-papo e a hora passou. Então, ela, a Branca de Neve, ligou para minha mãe (da Chapeuzinho Vermelho) avisando que eu chegaria mais tarde e que ela não se preocupasse. Troquei de CD, colocando a história da Cinderela, narrada por Silvio Santos. Minha filha interrompeu a narração dizendo que na história que conhecia não havia alguns dos personagens que Silvio citava. Como o objeto-símbolo da história de Cinderela é um sapatinho de salto, assim o fizemos. A Michele preferiu que eu fosse a Cinderela, então, novamente mudei o CD, colocando uma coletânea de músicas de vários países, que acompanhou a Revista Nova Escola em algum lugar do passado. Chamei meu filho para simular o príncipe, pensando que ele não aceitaria a brincadeira (já é adolescente). Fiquei surpresa pois no momento de receber a Cinderela em sua festa, o Marlon imitou um gesto do príncipe que eu já conhecia, mas que nunca tinha me chamado a atenção, o de ajoelhar e beijar a mão da princesa, veja só! Então, no momento do baile, a música que tocava era justamente uma música indígena, deixando o baile foi engraçadíssimo, visto que imitamos dança indígena e não uma valsa, como manda a tradição. Quando deu meia-noite, eu, Cinderela e Branca de Neve saímos às pressas do baile e descemos a escada da sala de nossa casa, como se fosse do castelo. Deixei o sapatinho no início da escada e o príncipe veio correndo e não nos alcançando, pegou um calçado chamando por Cinderela. Quando eu e minha filha olhamos para o topo da escada, demos muita gargalhada: ele segurava um tênis. Foi muito engraçado!
Ao final, nos abraçamos satisfeitos pela fantasia vivida e além disso, nosso elo foi fortalecido. Então, agradeço muito a Deus pelos meus filhos, tesouros da minha vida!
Espero que você professor, seja contagiado pela essência da criança e, que neste dia 28 de maio, nesta semana, promova ações que incentivem a fantasia, o faz de conta, a criatividade, pois, certamente deixará marcas na vida de seus alunos.

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